O Brasil ultrapassou a marca de 220 mil novos casos de câncer de pele, segundo as estimativas 2024–2025 do Ministério da Saúde/INCA. O número mantém o tumor como o mais frequente do país e reforça um alerta que especialistas têm repetido com insistência: a ameaça não está apenas no sol de verão, mas na exposição cotidiana, muitas vezes imperceptível, acumulada ao longo de todo o ano.
Apesar de ser um câncer visível, que poderia ser
diagnosticado ainda em fases iniciais, milhares de brasileiros seguem adiando a
busca por atendimento diante de manchas, pintas e lesões que mudam de
formato. Para a dermatologista Cíntia Cunha, da Clínica Audatti, essa
combinação de descuido e normalização do risco cria terreno fértil para o
avanço da doença. “As pessoas se preocupam com o sol da praia, mas esquecem do
sol que recebem indo trabalhar, dirigindo ou andando na rua. Essa exposição
diária, repetida, sem proteção, é o que mais preocupa. Quando a lesão chega ao
consultório maior do que deveria, o tratamento já deixa de ser simples”,
afirma.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia reforça que, embora o
câncer de pele não melanoma tenha alta taxa de cura, ele responde por grande
parte das cirurgias feitas no país e pode gerar sequelas importantes quando o
diagnóstico atrasa. Já o melanoma, menos comum, permanece como o tipo mais
agressivo e com maior potencial de metástase, responsável por parcela
significativa das mortes relacionadas à doença.
Na avaliação de Cíntia Cunha, a prevenção real acontece fora
da temporada de verão. “Protetor solar não é item de praia, é de rotina.
Aplicar pela manhã, reaplicar quando houver exposição prolongada e observar a
própria pele com carinho. Pequenas mudanças evitam cirurgias maiores e protegem
a saúde a longo prazo”, orienta a dermatologista.
Quando a pele pede ajuda
Lesões que não cicatrizam, manchas assimétricas, pintas que
crescem ou mudam de cor, áreas que sangram sem explicação e feridas
reincidentes são sinais que exigem avaliação imediata. Consultas regulares com
dermatologista ajudam a identificar alterações ainda discretas e elevam a
chance de cura para patamares acima de 90%.
Cíntia Cunha reforça que reconhecer esses alertas pode
evitar complicações mais difíceis de tratar. “A pele sempre avisa quando algo
não está bem. O problema é que muita gente espera ver se melhora. Qualquer
mudança persistente merece atenção. Procurar ajuda cedo é o que separa um
procedimento simples de um quadro mais complexo”, conclui.



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