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Planilha da Odebrecht mostra uso de cervejaria em doação a Marconi

As planilhas apreendidas pela Operação Lava Jato na casa do presidente de um dos braços da Odebrecht indicam que o grupo pode ter usado distribuidoras de cerveja para mascarar doações eleitorais a políticos, inclusive o governador Marconi Perillo (PSDB)

No total, somadas dezenas de doações a vários políticos, essas contribuições superam a cifra de R$ 30 milhões.

Ao justificar as doações da Odebrecht, alguns apresentaram recibos de doações oficiais em nome das empresas Leyroz de Caxias ou Praiamar. Agiram assim, por exemplo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT). Na prestação de contas de Marconi Perillo (GO), idem.

Na declaração oficial de Marconi Perillo (PSDB), a cifra de R$ 200 mil é repassada pelas empresas Leyroz de Caxias e Praiamar ao diretório do PSDB em Goiás. Na planilha da Odebrecht, estranhamente, consta como doação da própria Odebrecht, no mesmo dia da doação declarada ao PSDB de Goiás. Como se sabe, a Leyroz de Caxias e a Praiamar não são ligadas à Odebrecht e, sim ao grupo Petrópolis, que fabrica as cervejas Itaipava e Cristal.

Nas planilhas da empreiteira, a palavra “Itaipava” está anotada à mão, por exemplo, ao lado de uma doação que indica um repasse de R$ 500 mil para Luís Fernando Pezão (PMDB), governador licenciado do Rio de Janeiro. Essa mesma doação para Pezão está relacionada, no topo da coluna dos valores, a um certo “Parceito IT” - indício de provável ‘parceria’ entre a Odebrecht e a Itaipava no financiamento eleitoral.

Em outros trechos das planilhas, há valores significativos associados ao ‘parceiro IT’. Em uma delas, que relaciona doações para a campanha eleitoral de 2012, o total chega a R$ 5,8 milhões.

Aécio divulgou nota em que afirma que as doações citadas nas planilhas da Odebrecht foram legais e realizadas pela Leyroz de Caxias. Foram dois depósitos em 2010, que totalizaram quase R$ 1,1 milhão. O ex-senador Demóstenes Torres também justificou supostas doações da Odebrecht com depósitos do ‘grupo Petrópolis’, no total de R$ 1,2 milhão.

Mercadante divulgou nota relacionando diversas doações da Praiamar e da Leyroz de Caxias, no total de R$ 700 mil, às doações que aparecem nas planilhas da Odebrecht.

O deputado Roberto Freire (PPS-SP), cujo nome também está nos documentos apreendidos pela Polícia Federal, informou que “o valor de R$ 500.000,00 foi doado ao PPS pela construtora Odebrecht em 31/8/2012 (...) e devidamente declarado à Justiça Eleitoral”. O comprovante anexado à nota não mostra um depósito da Odebrecht, mas da Leyroz de Caxias.

Processo
Segundo a Receita Federal, em levantamento do jornal Estado de S.Paulo, tanto a Praiamar quanto a Leyroz de Caxias são controladas por Roberto Luís Ramos Fontes Lopes. Em 2013, Lopes foi processado por fraude tributária. Um trecho do processo informa que o Fisco de São Paulo suspeitava da ação de Fontes Lopes como ‘testa de ferro’ de Walter Faria, controlador do grupo Petrópolis.

O Ministério Público Federal já encontrou elos entre Faria e os crimes investigados pela Operação Lava Jato. Uma conta ligada ao empresário na Suíça recebeu US$ 3 milhões do lobista Julio Camargo.

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