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Empresas que apostaram em 2015 e vão colher resultados em 2016

Na contramão da crise e da retração, indústrias do agronegócio mantiveram planos de expansão no Rio Grande do Sul e projetam seguir crescendo


Nas turbulentas águas de 2015, a agropecuária não apenas se manteve firme, como também conseguiu avançar no caminho. No Rio Grande do Sul, fechou com crescimento de 9,4%, segundo a Federação da Agricultura do Estado. E ajudou a segurar a onda de outros segmentos que foram derrubados pela tempestade.

Mais do que isso, replicou exemplos de gente que manteve a aposta em investimentos e em avanços, mesmo com o cenário extremamente adverso. E que segue acreditando que em 2016 há espaço para oportunidades.

— Se passamos momentos difíceis crescendo, vislumbramos algo positivo. O projeto superando duas crises e, mesmo assim, continuar avançando, é um bom sinal — pondera Caio Vianna, presidente da CCGL.

É uma referência ao plano de longo prazo estabelecido para a fábrica de Cruz Alta, que está sendo atualmente duplicada.

A primeira fase, explica Vianna, foi iniciada em outubro de 2008, no meio da grande crise internacional que teve a quebra do Lehman Brothers como grande marco. E, agora, consolida a duplicação, que permitirá aumentar a capacidade de processamento de leite em pó (leia mais abaixo).

— Crise vem e passa — ponderou Ayrton Pinto Ramos, diretor técnico do Sebrae-RS, no balanço de final de ano.

A entidade trabalha de forma proativa e lançou uma cartilha com orientações sobre como passar pela crise. Para oagronegócio, setor que carrega uma dose extra de otimismo em relação aos demais por conta do desempenho obtido ao longo do ano, as duas orientações principais são: diversificação das atividades e investimento em capacitação.

— O produtor tem de saber quais são os canais que já estão abertos e sempre pensar na diferenciação e na agregação de valor. Não é o momento de investir em nichos desconhecidos, sem canais abertos — recomenda Ramos.

Lição seguida à risca pela Labema Alimentos, dona da marca Adelle, que em 2015 abriu as portas de um novo frigorífico em Seberi, no norte do Estado, e que estima chegar a dezembro de 2016 com crescimento de 15% em volume de produção.

Da mesma forma que a Yara pretende ancorar de vez o investimento de R$ 1 bilhão no terminal do porto de Rio Grande.

Duplicação

Quando março chegar, a CCGL, que reúne 22 cooperativas associadas, deve dar início às operações da nova fábrica, duplicada, que permitirá passar dos atuais 1 milhão de litros de leite processados diariamente para 2,2 milhões de litros de leite. Especializada no produto em pó, que tem no norte e nordeste do país o mercado comprador, a unidade cresceu junto com seus associados — hoje 4,3 mil produtores, que deverão ter acréscimo de mais 500 quando a capacidade dobrar. Desses, 1.180 recebem assistência técnica no campo.

Faltam só os acabamentos finais da obra (foto), assegura Caio Vianna, presidente da cooperativa. O investimento total foi de R$ 100 milhões — com recursos privados e financiamento do BRDE.

Em 2015, as vendas seguiram fluindo. Tanto que, segundo Vianna, a participação de resultados deve ter acréscimo sobre os R$ 6 milhões de 2014.

Investimento

O primeiro trimestre de 2016 traz para a multinacional Yara a perspectiva de receber a tão esperada segurança tributária para dar início à expansão no Estado a partir da unidade de Rio Grande (foto). O investimento é de R$ 1 bilhão, executado em três fases. Permitirá ampliar em 60% a capacidade de recebimento via porto gaúcho. Com 25% de participação de mercado no país, a empresa tem fatia de 40% no RS. Atualmente, decreto estabelece redução de 75% na base da tributação das vendas interestaduais.

O que a Yara quer é garantir que esse cenário se mantenha. As negociações com o governo seguem — na semana passada, houve nova reunião.

— É simplesmente para termos condições de competir — esclarece Lair Hanzen, presidente da Yara no Brasil.

Abertura

Seberi, no norte do Estado ganhou em maio de 2015 uma fábrica de abate e procesamento de suínos que trouxe junto 650 vagas de emprego, 50 a mais do que o projetado inicialmente, injetando ânimo na economia local. A unidade da Labema Alimentos, cujos produtos têm a marca Adelle, foi resultado de investimento de R$ 130 milhões — além de R$ 30 milhões na criação dos animais. Começou com abate de 1,5 mil suínos por dia. Encerra com 1,75 mil em 2015 e a meta de 2 mil, a ser atingida no primeiro trimestre de 2016. Com 60% das vendas no mercado interno e 40% para o externo, a empresa, habilitada para a chamada lista geral, quer ganhar espaço junto a três importantes compradores: Rússia, Cingapura e China. E o credenciamento está em curso, afirma Carlos Favero, diretor- geral da Labema.
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